segunda-feira, 27 de junho de 2011

Voz Viva de América Latina


01- Rayuela, Capítulo 2 (fragmento)
02 - Rayuela, Capítulo 7
03 - Conducta en los Velorios
04 - Casa Tomada
05 - El Perseguidor (fragmento)

"Voz viva de América Latina" foi o disco de narrações do Cortázar mais difícil de achar. Até uma capa em tamanho bom para ilustrar o post foi difícil de encontrar. Mas, apesar disso, e de ser um disco bastante curto (cerca de 35 minutos), é inegável que ele é dos melhores.

Veja-se a seleção dos textos narrados. Dois dos capítulos dos mais clássicos de "O jogo da amarelinha", seguidos de três fenomenais contos - incluindo aquele que é o primeiro a ser lido pela maioria dos leitores de Julio Cortázar ("Casa Tomada") e outro considerado seu melhor conto ("El perseguidor").

Cortázar tem fôlego e mantém a narração sem tropeçar - e com entonações que contribuem para o sentimento do que está lendo - como não se sentir identificado com a situação deslocada de um estrangeiro, mesmo se nunca se viajou, ouvindo "Aquí había sido primero como una sangría, un vapuleo de uso interno, una necesidad de sentir el estúpido pasaporte de tapas azules en el bolsillo del saco, la llave del hotel bien segura en el clavo del tablero."

Vale a pena ouvir... e se sentir mais próximo ao Julio.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Em meio à correria, notícias...

Boas salenas, cronópios cronópios!

Não tenho tido tempo de postar nada aqui, mas estou trabalhando em mais resenhas sobre Cortázar. Enquanto não termino, eis alguns links legais sobre ele que achei na internet durante a semana.

- O escritor e jornalista espanhol Jesús Marchamalo lançou uma obra intitulada "Cortázar y los libros", em que analisa as anotações de Julio em seus próprios livros. Legal, né? Matéria completa no PaperBlog.

- Na cidade argentina de Haedo, há o Instituto Superior de Formación Docente Número 45, que leva o nome de Julio Cortázar em homenagem ao escritor. Clique aqui para ir ao site da instituição, que já na sua página inicial traz a foto clássica de Cortázar tirada por Sara Facio. Outro link é este.

- Quer decorar sua escrivaninha, estante ou mesa de estudos com o JC? Ou, melhor ainda, quer dar um presente para o autor do Morellians (eu, claro)? Que tal esta miniatura de 7,5 cm que está à venda no eBay? Há também uma estátua do busto de Julio, com 20 cm de altura! Meu aniversário já passou faz tempo, mas podem ter certeza que eu gostaria!

Aguardem, em breve volto com mais cronopialidades!

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Argentina: Años de Alambradas Culturales

Estojo de Obras Completas, volume VI: Obra crítica

Julio Cortázar é visto, mais do que como um grande contista ou romancista, como um grande ficcionista. É sensível a liberdade criativa que ele sentia para com seu trabalho; não diria inventando novas realidades, mas, sim, se permitindo lançar à realidade os enfoques que surpreenderiam o leitor.

Talvez por achar que os textos políticos de Cortázar não têm essa característica, há leitores que pouco ou nada se interessam por eles. Esse é um grande erro. E “Argentina: Años da Alambradas Culturales” é a prova disso.

O interesse de Julio pela política foi maior no fim de sua vida, quando se engajou nos processos democráticos de países da América Latina. Aliás, “Argentina: Años de Alambradas Culturales” é um livro póstumo; apesar praticamente pronto antes de sua morte – Julio chegou, inclusive, a escrever a introdução para o livro, em janeiro do ano de sua morte, 1984 –, só foi publicado em setembro do mesmo ano. Provavelmente por isso, as reflexões contidas nesse livro me parecem mais maduras do que as de “Nicarágua tão Violentamente Doce”.
Mas nem a idade, nem a seriedade do assunto privaram Cortázar de seu vigor imaginativo e de sua capacidade de criar imagens que, longe de desrespeitar a gravidade das questões geopolíticas, são divertidas e comunicam muito bem a mensagem. Exemplo disso está logo na introdução, quando JC compara a mentalidade de grande parte do povo de então (os texto são das décadas de 1970 e 1980) com um coador invertido, por força e vontade dos regimes militares, fazia com que o macarrão escorresse e só ficasse para o povo a água morna,
Os textos do livro são divididos em duas seções: “Del exilio com los ojos abiertos” e “Del escritor de dentro y de fuera”; o próprio JC explica em sua introdução: “(…)la primera serie toca esencialmente al exilio como eje y motor de una denuncia constante de los crímenes de la junta militar; la segunda —se trata muchas veces de informes leídos en congresos, colegios universitarios y tribunales internacionales— enfrenta más directamente las obligaciones de un intelectual en este momento de la historia latinoamericana. Poderia falar de todos, mas seria uma tarefa longa e não faria justiça à profundidade dos textos, então prefiro dar uma visão geral do livro, seguido de comentários sobre algum ou outro texto que me chamou mais a atenção.

Apesar de, vez ou outra, toparmos com algum texto mais complexo, em geral os escritos desse livro são bastante compreensíveis. Até porque, como Cortázar reitera durante boa parte dos textos, é essencial que a revolução, que as mudanças, falando de maneira mais ampla, não sejam apenas algo discutido entre os intelectuais, mas que seja transmitida para o povo em geral, para que possam ser implementadas, não apenas servirem de objeto de análise teórica.

Algumas ideias que Julio discute e que me parecem dignas de contar como pontos altos do livro são: “(...)historia no tanto como mero pasado sino como preparación y previsión del futuro”; pensamento crítico sobre a linguagem como instrumento de revolução (reflete, por exemplo, sobre o uso que se fazia de “grandes palavras” – liberdade, pátria etc. – sem que se sentisse o que elas realmente significavam); visão do leitor como “una confusa mezcla de inteligencia, sensibilidad, inserción histórica y política, autenticidad y alienación, pregunta y espera, silencio o clamor”; literatura como instrumento atuante da revolução (“escribir y leer es cada vez más una posibilidad de actuar extraliterariamente”); retórica vazia (“[...] que nuestro diálogo esté limpio de toda retórica, que sus acuerdos o desacuerdos sean el resultado de haber mirado de frente nuestra realidad en vez de envolverla en los sacos de plástico de las frases hechas, de las fórmulas estereotipadas y de los prejuicios”); condições dialéticas (“[...]todo buen diálogo debería partir de una cierta paridad cultural, de un conocimiento recíproco por parte de sus protagonistas”); incapacidade da população dos países sob regime ditatorial em perceber os efeitos dos esforços de libertação feitos pelos exilados e órgãos internacionais, devido a barreiras impostas pelos regimes...

A lista é grande, e não vale a pena detalhar ainda mais sob o risco de tirar as surpresas do leitor que, depois deste texto, quiser ler o livro. Mas para os que ainda acharem que o livro é “muito sério” e “muito chato”, – ainda acharão isso depois de saber que Calac e Polanco protagonizam um dos textos? – resta a argumentação de um pequeno texto que aparece no início de algumas edições do livro (não sei se de autoria de Saúl Yurkievich, que tomou parte no projeto, ou de alguma outra pessoa): “Firmados por Cortázar, no son ni políticos ni literarios: son textos de Cortázar, fieles a una concepción ética de la vida. Y nada más”.

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Os eventos sobre Cortázar que andam por aí...

 Achei esses eventos sobre JC quando procurava por novidades sobre ele. Se você for a algum desses eventos e quiser fazer um texto para o Morellianas, ficaremos todos contentes.

Especial - Julio Cortázar

A obra de Cortázar é mote da programação especial Percursos amarelos - Anotações de Julio Cortázar. Dia 9, contos do autor serão lidos por Nelson de Oliveira, Evandro Affonso Ferreira e Andréa Del Fuego no evento Dois dedos de prosa: leituras de Julio Cortázar e terá ainda acompanhamento musical do saxofonista Vinícius Dorin. Neste dia haverá interpretação de Libras. A partir do dia 12 haverá uma performance entre dois grafiteiros que será baseada no conto "Grafiti" da obra Orientação dos Gatos, de Julio Cortázar . Os artistas estabelecerão uma conversa visual em um painel na biblioteca. Até 19/6.

Fonte: Artistas e Eventos 


Escritor Julio Cortázar é tema de Clube de Leitura 

O escritor argentino Julio Cortázar vai ser fonte para discussões na segunda edição do Clube de Leitura Ne'e Poty (poesia). O evento será realizado no dia 4 de junho, de 10h30 às 12h, na Kunda Livraria Universitária (R. Almirante Barroso, 1473).

“A prioridade é trazer autores bem conhecidos não só da América hispânica como também do Brasil. E Julio Cortázar é um escritor referência, que representa a nova narrativa latino-americana do século 20”, explica a coordenadora do projeto, a professora de literatura da UNILA, Diana Araújo Pereira.

Os livros escolhidos para leitura são Histórias de cronópios e de famas e Bestiário. “Buscamos o lado conhecido do autor, que é Bestiário - um dos livros de contos mais lidos -, e outro lado menos popular, com Histórias de Cronópios e de famas, que traz uma face mais irônica do escritor”, complementa Diana.

O Clube de Leitura Ne'e Poty tem a participação de alunos da UNILA, que integram o Programa de Educação Tutorial (PET)/ Conexões de Saberes.


Fonte: Guatá