sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Un elogio del 3

Capa de Obras Completas, volume IV: Poesía y poética

                Dizer que Cortázar era um cara bem heterodoxo (ou, muito mais ao estilo dele, um piantado) não é dizer nada novo. Mas se a gente tomar a coisa por um lado um pouco menos explorado, a afirmação pode ser mais precisa e muito mais interessante. Por exemplo, quantos “elogios” vocês já não viram por aí?
                Além daquele do Erasmo de Rotterdam, “Elogio da Loucura”, encontrei, numa busca rápida, vários outros livros chamados Elogio a alguma coisa: da traição, da beleza atlética, da corrupção, da filosofia, da loucura, da madrasta (bom livro do agora “nobelado” Vargas Llosa), da mentira, do silêncio (esse eu gostaria de ter escrito)... Elogios de coisas concretas ou abstratas, mas nunca um elogio como o que Cortázar escreveu: o elogio ao número três.
                “Um elogio del 3” é um livro-poema bastante curto, mas também bastante contundente e de grande qualidade, em que o três (não só o número, mas principalmente a quantidade, a figura, a simbologia do três) é louvado (“(...)três / que es musica y triangulo y escândalo”), tornando-se um elogio à vida e aos valores que Cortázar mais apreciava (“El hombre rebelandose y riendo contra El sudor contra la muerte”), lembrando até as ideias das individualidades que formam uma figura que é menos e mais do que elas (como em “Os prêmios”, por exemplo).
                O texto é ilustrado por imagens de barras coloridas: no princípio, uma, depois, duas e por fim, na maioria das páginas, obviamente, três. Coloridas: amarela, azul e vermelha.
                Pura poesia (linguística e visual). Puro Cortázar.

Um comentário:

  1. Fico feliz por achar o Blog de um aficcionado por Cortázar como eu e que escreve sem afetações.

    Já que tenho que ficar esta madrugada acordado, ficarei por aqui.

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