Recebi um comentário interessante no post sobre “Alguém que Anda por Aí”. Resolvi responder na forma de comentários alternados, porque ficou bem bacana!
Gustavo:
(Cláudia!)
Parabéns pelo seu trabalho.
Parabéns pelo seu trabalho.
(Ah, o que é isso. Obrigado pelo seu comentário, que é o que faz esse “trabalho” valer a pena!)
Sou de São Paulo e participo de um "Clube de Leitura" intitulado "Confraria das Lagartixas".
Sou de São Paulo e participo de um "Clube de Leitura" intitulado "Confraria das Lagartixas".
(Estão aí duas coisas que eu gostaria de ter! Um clube de leitura e a genialidade – ou, bem melhor e muito menos banalizado –, a piantalidade (cf. Cortázar sobre os piantados) de chamá-lo de “Confraria das Lagartixas”! Nome mais simpático e menos pretensioso que “Clube da Serpente”)
Temos algo em comum: Julio Cortázar.
Todas as quartas, nos reunimos para debater seus contos (…)
(Correção: a segunda coisa que eu gostaria de ter era, especificamente, um clube de leitura dedicado a Julio Cortázar. Notem bem! O Morellianas não é mais que uma tentativa de criar esse clube, mesmo com uma pessoa em Porto Alegre, outra em São Paulo, outra em Nova York e por aí vamos…)
(…) e claro, onde foi que desembocamos? No seu mar de informações.
(Essa comparação eu aceito, muito obrigado. Mares às vezes são agitados e às vezes passam um tempão calmos, quase sem se mexer – o que corresponde à minha frequência e ao meu método (???) de postagem.)
No momento, estamos debatendo "Alguém que Anda por Aí". Assim como vc mencionou, tbm achei um livro diferente, menos fantástico, mais terreno, mais vida.
Ele se desnuda. Expõe relações pessoais e inter familiares.
No momento, estamos debatendo "Alguém que Anda por Aí". Assim como vc mencionou, tbm achei um livro diferente, menos fantástico, mais terreno, mais vida.
Ele se desnuda. Expõe relações pessoais e inter familiares.
(Tenho que ser sincero… faz muito tempo que li o livro e o texto. Abril de 2009! Quase lá se vão 3 anos! Embora eu tenha começado a reler os livros do Julio, ainda não deu tempo de reler “Alguém que Anda por Aí”. Eu também procuro ler as coisas que o Julio leu. Agora estou lendo o livro do Donleavy que ele cita em "/ que saiba abrir a porta para ir brincar" (como é chamado em "Valise de Cronópio") ou "/ vamos todos cirandar" (como é chamado no tomo II de "Último Round")
Estava discutindo agora com uma das confrades e discordamos sobre "Em Nome de Boby". Imediatamente fui no papa (…)
(Ah, Cláudia. O Sumo Pontífice deve estar se retorcendo no seu leito no Vaticano, pela comparação. Risos. Falando sério, minha intenção nunca foi ser “o papa de Cortázar”. Acho que sou mais “secular”, mais “laico”. Sem endeusamento do autor. Pelo contrário, tentando trazê-lo pra mais perto da minha realidade, com o preciso objetivo de expandir essa mesma realidade – como o Julio propôs e fez com sua realidade)
(…) e percebi que vc tbm tem a mesma opinião que minha amiga. Ela tbm acha que a tia era boazinha.
(De novo vou ter de discordar – não vai faltar quem diga que eu peço comentários, mas quando eles aparecem eu vou na contramão… Mas se não fosse assim, não seríamos leitores de um autor que afirmava que o leitor precisava participar mais! Discordo porque é impossível ter a mesma opinião sobre o conto. Cada um constrói um mundo inteiro na imaginação, para cada conto que lê, mesmo que boa parte desse conto continue oculto, porque ele é o suporte da história, o “tutano” da existência dos personagens. Claro que você disse que temos a mesma opinião sobre esse aspecto específico do conto… Mas, bem, hoje em dia, se relesse o conto, com certeza acharia outra coisa. Seria outra tia, ainda que pudesse achá-la também boazinha)
Como todos os contos do Cortázar, cada um interpreta como quer seus desfechos. Envolve nossa vivência pessoal e nosso olhar para a vida. No meu entender, a tia morria de ciúmes da mãe e de alguma forma disputava o garoto que não sabia o que fazer e vivia atormentado nos sonhos. Até que...
(Como é bom uma “segunda opinião” por aqui, para variar! Eu sempre quis isso, mas os leitores aqui parecem meio acanhados, talvez com receio de discordar…)
Cortázar viveu rodeado de mulheres e neste livro, está tão nítido como ele soube se desvencilhar do lance de forma clara e definida. Saudável, feliz, olhando por trás das lentes da vida e seguindo.
(Certo, certo, vou reler! Agora me deu muita vontade! Fiquei curioso. Talvez vá ser como ler o conto pela primeira vez)
Vi a seleção de filmes relacionadas aos contos e adorei. Assista "A Vida Secreta das Palavras" e vc vai se deliciar com a "Srta. Cora".
(Esse é um daqueles filmes que estão na minha lista “assistir!!!”, assim, com três exclamações, mesmo. Mais de uma vez vi pedaços dele, na madrugada. Não tinha me dado conta de que o filme parece mesmo inspirado no conto. Se você souber de alguma fonte que cite o conto do Julio como inspiração para a Isabel Coixet, me avise, porque o filme não consta na minha lista do post “Cortázar e os filmes”)
Um abraço,
Cláudia Belintani
(Boas salenas,
o cronópio-residente do Morellianas)
Gustavo:
ResponderExcluirQue delícia de bate-bola!
Fiquei emocionada.
Nosso grupo é especialista em debater. Cada um com seu olhar.
O endereço do nosso blog é confrariadaslagartas.blogspot.com
Não é um blog direcionado, tem um pouco de tudo, mas essencialmente o que lemos é Cortázar, Borges, Gabriel Garcia Marquez... Realismo Fantástico.
De alguma forma, vc participa do clube. Sinta-se nosso convidado. Na próxima quarta "Em Nome de Boby" vai ser debatido. Vou pedir ao grupo que poste as opiniões em seu blog.
Qto "A Vida Secreta das Palavras", o personagem principal cita o conto. Ele chama a enfermeira de "Srta. Cora". É um menino perdido na escuridão e ela tem feridas secretas. É uma poesia (assim como o conto).
Seu trabalho, empenho e sensibilidade impressionou nosso clube. Vc constantemente é consultado e suas palavras e opiniões são debatidas e respeitadas.
Na semana passada, o que entrou na roda foi "Você se deitou a teu lado". Tbm houve divergências sobre o conto. Mas de novo, sentimos algo diferente de todos os outros contos. Um Cortázar que tenta estabelecer um limite que por vezes se perde e no momento seguinte se materializa.
De novo o menino sufocado entre mulheres aglutinadas.
"Ventos Alísios" que como vc observa de forma clara, nos remete ao cansaço da rotina das relações. Vc vai ver que há comentários (nossos) parecidos com o que vc escreveu.
Nossa "Ciranda" se propaga para quem quiser entrar na roda.
É uma energia de quem busca.
Obrigada.
Com carinho,
Lagartixas (Cláudia e Cia.)
Tem uma recepção e tanto para vc no canto das lagartixas.
ResponderExcluirDá uma passada por lá.
bj
Olá!
ResponderExcluirPuxa, é mesmo! Desculpa, eu ainda não tinha visto. Mas é por um bom motivo, tenho escrito novos textos para o Morellianas. :)
Vou deixar um comentário por lá.
Beijos
Olha só, escrevi sobre a questão da cidade (da urbanidade) nos contos de Cortázar. As referências do conto no filme percebidas ainda apontam para a questão política e da violência (tão cara a Cortázar) ... já sacaram também no filme A dupla vida de Veronique a referência explícita (quase) ao conto Lejana ... Alina Reyes, duplo, imagens sempre vistas através de vidros, permeáveis e pertubadores da percepção pseudo-limpa e objetiva?
ResponderExcluirBelo diálogo de vcs.
Olá!
ResponderExcluirNão me lembro de já ter ouvido falar desse file "(A Dupla Vida...")
Se quiser compartilhar conosco o que você escreveu sobre a urbanidade, envie para o e-mail do Morellianas (que aparece no topo do blog) que publico aqui, ok?
Abraços