terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

As opiniões que importam

(Chris: I think this post might interest you, so I wrote a short summary in English after the main text)

Há uns dias, circula na internet um texto - escrito por um suposto professor de nível superior - afirmando que Cortázar é um escritor menor, que é visto na Argentina como um autor para adolescentes e que não se pode colocá-lo no mesmo grupo que outros grandes escritores argentinos.

O texto apresenta vários problemas que tiram sua credibilidade. Pensei em fazer um longo texto respondendo àquele outro. Mas aí assisti à entrevista com o escritor Carlos Fuentes no programa "Dossiê Globo News" e me dei conta de que não era preciso. Se você é daqueles - eu sou - que valorizam mais a opinião de escritores do que a de acadêmicos, eis aí Fuentes. E se você, ao contrário, prefere concordar com os acadêmicos, então também aí está Fuentes, que já deu aula em Cambridge, Harvard e Princeton.

Veja as palavras de Carlos Fuentes sobre Julio Cortázar:


Se para Carlos Fuentes, ganhador do Prêmio Cervantes, Cortázar era um gênio e "Rayuela" é um grande livro, não há de ser um textinho mal escrito e tendencioso que vai convencer você do contrário, não é?

Ainda tem mais gente (muito relevante) que concorda e vê Cortázar como importante e grande escritor. Pelo lado dos acadêmicos, Haroldo de Campos (que escreveu o prólogo a "Rayuela" na edição da coleção Archivos da UNESCO) e Davi Arrigucci Jr., autor de "O Escorpião Encalacrado"; pelo lado dos escritores, Calvino, García Márquez, Neruda, Octavio Paz (uma trinca de ganhador do Nobel de Literatura!)... e por aí vamos.

E então? Quais opiniões importam mais para você?

(Summary for Chris: a few days ago I read a text allegedly written by a Professor at a University in the USA stating that Cortázar was a minor writer in Argentine, and comparing him to other Argentinian writers was impossible, because most of his work is childish. Last Saturday I watched and interview with Mexican Panamenian-born writer Carlos Fuentes. He tells us his opinion on Cortázar - which is, as you can watch, very nice. I decided not to write a new text criticizing that very poorly written text - e.g., he misspells books' titles, like "We love Brenda so Much", instead of "Glenda"-; instead, I posted here what Fuentes said.I also named some other relevant figures who think Cortázar's woprk is great. I think you can enjoy watching the video, since Carlos answered in English. The whole video is pretty cool. Check out Fuentes telling about his trip with Cortázar and García Márquez to Prague, where they met Milan Kundera)

Gabo: Cortázar? Um escritor menor? Ah, qualé! Sem essa!
Carlos: Meus ouvidos não são penico, Gabo. Nem vou ouvir essa bobagem!

8 comentários:

  1. Respostas
    1. You're welcome, Chris.
      Actually, it was my way to say thank you for you always leaving comments here, even missing some of the info because of the language. You're an important participant of Morellianas and I wanted to make it clear. :)

      Best!

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  2. Gatotixo:

    Vc vai participar da Noite de hoje através desta página.

    Temos uma surpresa para vc.

    Muito bom!

    Bj,
    Cláudia

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    1. "Gatotixo"... Hahaha! Essa ficou boa! :P

      Surpresa? Gosto de surpresas! :D Já estou ansioso esperando. Hehe!

      Beijão!

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    2. Pronto, num único parágrafo, a história de uma vida.
      Sem respiro, sem fôlego, ela está lá, inteira para você.

      Bj

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    3. Obrigado pelo comentário. Poético como todos os das minhas amigas lagartixas!

      Bjs

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  3. Gustavo, parabéns pelo texto e pelo blog. Sou um acadêmico, como vc gosta de frisar. Ao ler alguns textos sobre Julio Cortázar de argentinos e alguns escritores, consegue-se perceber como ele foi uma figura importante na déc. de 70, mas também um figura muito criticada. Os argentinos tem uma relação muito paradoxal com o Cortázar, o próprio Ricardo Piglia faz questão de separar a obra de Julio em "O I Cortázar" e o "II Cortázar" (que para ele seria inferior ao I primeiro e que, segundo Piglia, ele mais repetiu do criou coisas novas). Piglia também falou que a escrita de Cortazar é "muito fácil". Lezama Lima (que Cortazar tanto admirou) também teceu críticas (muito mais brandas)e afirmou que a visão crítica do Cortázar é muito superior do que a sua linguagem poética. (Sem contar a de david Viñas, mas esse eu não conto, porque ele é um marxista bobo). Depois de ler tantas críticas, eu pensei assustado: "Meu Deus, será que eu estudo o Paulo Coelho da argentina?". Mas depois percebi que tal comparação não tem cabimento. Não sou o tipo de acadêmico que lê os textos de um escritor para tentar absorver a visão de um escritor, e nem acredito na idéia de que escritores são seres excepcionais, vindos de outro mundo, assim como tbm não gosto de colocar ninguém em um pedestal. Acho que essas críticas devem ser levadas como opiniões pessoais e válidas (falo isso porque eu prefiro um chute no saco a (terminar de) ler “Ms. Dalloway” de Virginia Wolf e “Agua Viva’ de Clarice Lispector). Gosto muito do Cortázar (e de estudá-lo) e enquanto crítico literário sei que “Rayuela” é uma obra prima, assim como ALGUNS contos do Cortázar. Mas também sei que tem algumas coisas do escritor das quais eu não gosto muito. Enfim, tudo isso para perguntas: Quem é este ACADÊMICO que diz que Cortázar é para adolescentes? Gostaria muito de ler o texto dele para ver se concordo ou não com ele. Abraços, e mais uma vez parabéns. Quando eu quiser conversar com alguém sobre Cortázar virei ao seu blog, pois como eu brinco com alguns amigos meus, quase ninguem hoje em dia lê mais Cortázar, (todo mundo fica só babando ovo do Borges!) Vc viu as vinhetas que a MTV fez de Rayuela? Achei sensacional! Até mais.

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    1. Nicolas, obrigado pelo comentário!
      Acho que ele é um crítica muito mais justa ao Cortázar do que esse texto descabido que circula por aí.

      Acho que a separação do Piglia é muito simplista, e injusta, até.

      Acho bastante normal escritores que se admiram, como Lezama e Julio, terem algumas críticas um à obra do outro (JC também tinha as suas à obra do JLL). Isso mostra que não sabem conjugar as emoções, o gosto literário, com a avaliação da qualidade literária.

      Você disse, com todo direito, que tem coisas das quais não gosta. Mas nem por isso tenta tirar o mérito da obra toda, como faz aquele desqualificado artigo a que me referi.

      Essa babação de ovo em cima do Borges também me dá no saco. A obra dele pode ser muito boa, mas eu não senti grandes coisas quando a li... e, independente disso, a literatura argentina não é só Ficções e O Informe de Brodie etc.

      Comento as vinhetas da MTV neste post:
      http://blogmorellianas.blogspot.com/2012/02/o-que-ficou-de-2011-parte-2.html

      Me manda um e-mail para o endereço do Morellianas (lá em cima, no banner) que te envio o artigo polêmico.

      Abraços!

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