Capa de Obras Completas, volume IV: Poesía y poética
O
problema aqui já começa com escrever o título do livro. “Negro el 10” ou “Negro
el Diez”? O número 1 da Revista de la Universidad de México, por exemplo, diz, no sumário,
“Negro el Diez”. Mas o texto em
si está intitulado como “Negro el 10”. De maneira que não sei bem o que
fazer… Acho que vou adotar “Negro el Diez” pelo simples fato de contradizer a
edição dessas incompletas “Obras Completas”, que não farão valer seu nome até
sabe-se lá quando…
Tanto
essa edição digital, como a edição dentro das Obras Completas, não trazem as
ilustrações que deram origem ao texto cortazariano. O que eu acho uma pena,
porque Cortázar sempre foi um cara multimídia, mesmo dentro de sua própria
mídia específica, a escrita. (Aliás, se a Galaxia Gutenberg deixou as imagens
em “Un Elogio del 3” pro achar que elas dialogavam com o texto, porque tirar as
de “Negro el Diez”?)
Poucas
são as considerações que posso fazer sobre o livro, por causa da já mencionada
ausência do material visual e porque é bem curto: dez conjuntos de versos, um
para cada ilustração. A o primeiro desses conjuntos já tem algo que vemos muito
nos textos do Julio: jogos de palavras: “(…) por no ser. Por ser no”.
O
texto apresenta os traços negativos do negro, da escuridão: a tormenta, o ódio,
o ciúme. E contrapõe com uma imagem positiva: pai profundo, retorno ao começo,
palavra do silêncio. E, claro, seria de se estranhar se Cortázar não fizesse a
relação Negro → Noite.
No
fim, exalta a escuridão, com a seguinte bonita imagem:
“trampolín desde donde saltan los colores, su
callado sostén.
Todo es más
contra el negro; todo es menos cuando falta.”
E encerra
simples e total:
“Tu sombra
espera tras de toda luz.”
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