terça-feira, 3 de julho de 2012

Negro el 10

Capa de Obras Completas, volume IV: Poesía y poética


                O problema aqui já começa com escrever o título do livro. “Negro el 10” ou “Negro el Diez”? O número 1 da Revista de la Universidad de México, por exemplo, diz, no sumário, “Negro el Diez”. Mas o texto em si está intitulado como “Negro el 10”. De maneira que não sei bem o que fazer… Acho que vou adotar “Negro el Diez” pelo simples fato de contradizer a edição dessas incompletas “Obras Completas”, que não farão valer seu nome até sabe-se lá quando…
                Tanto essa edição digital, como a edição dentro das Obras Completas, não trazem as ilustrações que deram origem ao texto cortazariano. O que eu acho uma pena, porque Cortázar sempre foi um cara multimídia, mesmo dentro de sua própria mídia específica, a escrita. (Aliás, se a Galaxia Gutenberg deixou as imagens em “Un Elogio del 3” pro achar que elas dialogavam com o texto, porque tirar as de “Negro el Diez”?)
                Poucas são as considerações que posso fazer sobre o livro, por causa da já mencionada ausência do material visual e porque é bem curto: dez conjuntos de versos, um para cada ilustração. A o primeiro desses conjuntos já tem algo que vemos muito nos textos do Julio: jogos de palavras: “(…) por no ser. Por ser no”.
                O texto apresenta os traços negativos do negro, da escuridão: a tormenta, o ódio, o ciúme. E contrapõe com uma imagem positiva: pai profundo, retorno ao começo, palavra do silêncio. E, claro, seria de se estranhar se Cortázar não fizesse a relação Negro → Noite.
                No fim, exalta a escuridão, com a seguinte bonita imagem:
    “trampolín desde donde saltan los colores, su callado sostén.
     Todo es más contra el negro; todo es menos cuando falta.”

     E encerra simples e total:
    “Tu sombra espera tras de toda luz.”

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