quinta-feira, 28 de outubro de 2010

El París de Rayuela: Homenaje a Cortázar

Capa da edição da Lunwerg

            Poucos livros têm a presença tão viva de uma cidade como “O jogo da amarelinha”, e quem Paris é quase um personagem a mais, pelo qual passam os membros do Clube da Serpente. E uma coisa que sempre me incomodou enquanto eu lia esse romance de Cortázar era não saber como eram esses lugares. Como é a Pont Neuf? E a Pont dês Arts? Qual o ar que se sente na rue de Seine? E o que é o Quai de Conti?
            Cheguei a pensar em, quando reler “O jogo da amarelinha”, anotar todos os lugares citados, e depois procurar fotos e informações na internet e então reler, mais uma vez, o romance para senti-lo mais profundamente. Mas parece que alguém já teve esta ideia. E, o que é melhor, transformou-a em um livro.
            O fotógrafo argentino Héctor Zampaglione publicou “El París de Rayuela: Homenaje a Cortázar”, um livro com 70 fotos em preto-e-branco que ilustram os lugares onde se passa a parte “do lado de lá” da história, com legendas extraídas do próprio texto do romance.
            Mas as fotos de Zampaglione não se limitam a mostrar os lugares, mas também a trazê-los para dentro de “O jogo da amarelinha”. Por exemplo, a foto do Parc Montsouris tem em cena um guarda-chuva, e a legenda abaixo é “... Maga, te acordarías quizá de aquel paraguas viejo que sacrificamos en un barranco del Parc Montsouris...”. A Paris de “O jogo de amaralinha” está toda aqui: as igrejas, o monumentos, os cafés, as barracas dos bouquinistes, ruas, praças, pontes, estações de metrô, os cais... e a Maga. Sim, a maga. Como Cortázar mesmo disse, em entrevistas, que cada leitor imagina que a Maga seja de uma maneira, Zampaglione fotografou a modelo-Maga em ares misteriosos, nunca mostrando o rosto. A foto da nudez da Maga (espelhada, na página ao lado, para casar bem com o texto em que se diz que ela se olha ao espelho), a foto de uma clochard com um filho de colo (ilustrando o texto da morte de Rocamadour) e a foto da maga brincando com a folha de plátano estão entre minhas favoritas.
            Como pontos não tão altos do livro, essa presença da Maga interefere com essa imagem dela que criamos individualmente, e a minha maga tinha cabelo mais curto... Sem falar que o efeito nas fotos (à la filtro “grain” do Photoshop) demora a cair no gosto do leitor. Mas, confesso, a cada folheada, gosto mais do meu exemplar deste guia. Um guia não simplesmente para Paris, mas para a Paris de “O jogo da amarelinha”.

3 comentários:

  1. Gustavo, como conseguiu este livro? Poderia me indicar onde comprá-lo? Você tem? Aguardo resposta. Um abraço,
    Letícia

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  2. Oi, Letícia! Desculpe a demora em te responder. Comprei-o pela Casa del Libro, uma livraria espanhola on-line.

    Abraços!

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  3. Letícia, consegui o meu exemplar na livraria cultura; fiz o pedido pela internet.

    Amanda

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