Capa da edição da Oceano |
Quando comecei a escrever essas resenhas, críticas ou seja-lá-o-melhor-nome-que-se-possa-dar-pra-isso, minha proposta era resenhar os livros do Cortázar, mas nada sobre ele, nada que não tivesse sido escrito por ele mesmo. Isso porque nunca me agradou muito qualquer texto crítico, pelo tanto de intromissão que um texto assim tem: “o autor quis dizer isso”, “tal aspecto representa indubitavelmente uma tendência X” etc.
O que me fez abrir uma exceção foram, primeiramente, as circunstâncias sumamente cortazarianas em que encontrei meu exemplar de “El lector de... Julio Cortázar”, de Alberto Cousté. Não é todo dia que a gente encontra um livro assim (sobre a obra de um autor que não é de best-sellers nem é o queridinho dos intelectuais pedantes; e, além disso, uma edição importada da Espanha) aqui no Brasil, mesmo em grandes livrarias. Que dizer, então, de uma feirinha do livro (meia dúzia de bancas), numa cidade litorânea em pleno verão? Pois é, foi em Imbé/Tramandaí (vi numa, acabei comprando em outra, em outra feira do livro) que achei esse livro, que quase me passa despercebido!
O segundo motivo é que esse não e um livro crítico, no fim das contas. O autor foi conheceu Cortázar e conseguiu captar bem o estilo não-acadêmico que convém a qualquer boa e honesta avaliação da obra do Julio.
Apesar do meu fraco Espanhol, consegui ler tranqüilamente o livro e agora dá pra fazer uma apreciação bem livre, como convém a esse grande projeto/conversa de bar.
Dividido em dez partes, o livro começa com seções mais introdutórias, dando informações não muito específicas, mas mais adiante há muita informação boa e nova para quem não tenha pesquisado mais a fundo a vida e a obra de Julio Cortázar. O livro termina com uma antologia, reunindo alguns textos do autor, e com uma interessante cronologia, além de uma correta lista das obras de JC.
Os capítulos sobre sua vida e obra são os mais interessantes, sem dúvida. Neles, ficamos sabendo como Cortázar sustentava a casa, como detestava ensinar, entre outras coisas. Para mim foi novidade a figura de Ugné Karvelis, a segunda mulher de sua vida, entre Aurora Bernárdez e Carol Dunlop. Além de dados de sua vida, fica reiterada no livro a gigantesca cultura de Cortázar, como quando do episódio em que ele corrigiu uma tradução com base em conhecimentos lingüísticos, sem conhecer muito da língua de partida, o alemão.
É tanta coisa que é difícil falar de tudo com coerência. A penúltima coisa que quero falar é dos textos em espanhol. É estranho, mas me parece que o espanhol é mais líquido que o português, com maior abundância de letras “l”. Não sei se é por isso, mas, por exemplo, ler “Ciclismo em Grignan” em espanhol parece uma experiência muito mais erótica.
Ah, o livro tem alguns textos separados em quadros, o que achei bem bacana, porque contextualizam e ampliam as informações contidas no texto corrido.
Mas o melhor mesmo desse texto todo é o trecho que dá mais informações sobre “Os autonautas da cosmopista”, o mais belo livro de Cortázar. Segundo Cousté, ambos autores estavam muito doentes, só que cada um deles só sabia da enfermidade do outro, o que fez com que pusessem todo seu coração na viagem, na última viagem juntos*. Me arrepio só de pensar.
Enfim, “El lector de... Julio Cortázar” não é uma biografia definitiva, nem uma análise definitiva, mas é com certeza uma boa maneira de se aproximar da obra e da vida do cara. E de se emocionar tanto que depois a gente, quando vai escrever um texto sobre isso, só escreve bobagem.
O que me fez abrir uma exceção foram, primeiramente, as circunstâncias sumamente cortazarianas em que encontrei meu exemplar de “El lector de... Julio Cortázar”, de Alberto Cousté. Não é todo dia que a gente encontra um livro assim (sobre a obra de um autor que não é de best-sellers nem é o queridinho dos intelectuais pedantes; e, além disso, uma edição importada da Espanha) aqui no Brasil, mesmo em grandes livrarias. Que dizer, então, de uma feirinha do livro (meia dúzia de bancas), numa cidade litorânea em pleno verão? Pois é, foi em Imbé/Tramandaí (vi numa, acabei comprando em outra, em outra feira do livro) que achei esse livro, que quase me passa despercebido!
O segundo motivo é que esse não e um livro crítico, no fim das contas. O autor foi conheceu Cortázar e conseguiu captar bem o estilo não-acadêmico que convém a qualquer boa e honesta avaliação da obra do Julio.
Apesar do meu fraco Espanhol, consegui ler tranqüilamente o livro e agora dá pra fazer uma apreciação bem livre, como convém a esse grande projeto/conversa de bar.
Dividido em dez partes, o livro começa com seções mais introdutórias, dando informações não muito específicas, mas mais adiante há muita informação boa e nova para quem não tenha pesquisado mais a fundo a vida e a obra de Julio Cortázar. O livro termina com uma antologia, reunindo alguns textos do autor, e com uma interessante cronologia, além de uma correta lista das obras de JC.
Os capítulos sobre sua vida e obra são os mais interessantes, sem dúvida. Neles, ficamos sabendo como Cortázar sustentava a casa, como detestava ensinar, entre outras coisas. Para mim foi novidade a figura de Ugné Karvelis, a segunda mulher de sua vida, entre Aurora Bernárdez e Carol Dunlop. Além de dados de sua vida, fica reiterada no livro a gigantesca cultura de Cortázar, como quando do episódio em que ele corrigiu uma tradução com base em conhecimentos lingüísticos, sem conhecer muito da língua de partida, o alemão.
É tanta coisa que é difícil falar de tudo com coerência. A penúltima coisa que quero falar é dos textos em espanhol. É estranho, mas me parece que o espanhol é mais líquido que o português, com maior abundância de letras “l”. Não sei se é por isso, mas, por exemplo, ler “Ciclismo em Grignan” em espanhol parece uma experiência muito mais erótica.
Ah, o livro tem alguns textos separados em quadros, o que achei bem bacana, porque contextualizam e ampliam as informações contidas no texto corrido.
Mas o melhor mesmo desse texto todo é o trecho que dá mais informações sobre “Os autonautas da cosmopista”, o mais belo livro de Cortázar. Segundo Cousté, ambos autores estavam muito doentes, só que cada um deles só sabia da enfermidade do outro, o que fez com que pusessem todo seu coração na viagem, na última viagem juntos*. Me arrepio só de pensar.
Enfim, “El lector de... Julio Cortázar” não é uma biografia definitiva, nem uma análise definitiva, mas é com certeza uma boa maneira de se aproximar da obra e da vida do cara. E de se emocionar tanto que depois a gente, quando vai escrever um texto sobre isso, só escreve bobagem.
*Ok, teve a Nicarágua depois, mas quase não conta.
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